quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Democratizar e descentralizar é a pauta em questão

O bonde não para...
Por Fernanda Quevedo

Encontro Nacional da CUFA 2009 em Porto Alegre - RS

MV Bill e Nega Gizza são fundadores da CUFA - Central Única das Favelas - e agora passam a presidência e vice-presidência, respectivamente, para duas importantes figuras da instituição: Preto Zezé (CUFA-CE) e Karina Santiago (CUFA-MT), um fato histórico que acontecerá no dia 16/02 no Teatro José Alencar, em Fortaleza, Ceará.

Para este momento, alguns dos grandes parceiros da instituição já confirmaram presença, como é o caso de Luiz Horta Barbosa Erlanger, Diretor de Comunicação da TV Globo; Alexandre Padilha, Ministro da Saúde; Roberto Marinho, um dos diretores da Senaes (Secretaria Nacional da Economia Solidária), Ivana Bentes, diretora da Faculdade de Comunicação da UFRJ e Pablo Capilé, Articulador Nacional do Circuito Fora do Eixo.

São vários pontos em comum de todas estas pessoas entre que “passam a faixa” e os novos gestores da CUFA. Mv Bill e Preto Zezé começaram muito cedo a desenvolver importantes ações sociais pelo viés do Hip Hop. Ambos foram músicos e hoje são, além de ativistas, produtores culturais, escritores e documentaristas.

Preto Zezé

Já Nega Gizza e Karina Santiago são propulsoras de um movimento de mulheres dentro da instituição, que provocou a realização de dezenas de ações voltadas às mulheres do país, sempre conectando essas atividades com o esporte, a cultura, a moda e a política social.

Em comum, estas quatro pessoas têm a negritude, o amor pelo trabalho social, a origem periférica e carregam no peito o sentimento CUFA, cuja principal expressão é o trabalho social, a democratização do conhecimento e do poder. Tudo isso, feito com uma metodologia que está fora dos padrões acadêmicos: “Fazendo do Nosso Jeito!”

Preto Zezé é coordenador da base no Ceará e também articulador nacional de projetos e ações políticas da instituição. É responsável pelas primeiras ações da CUFA no âmbito da saúde pública, provocando e estimulando o debate acerca do crack, droga que têm devastado milhares de jovens em todo país, com o livro e documentário: Selva de Pedra - “A Fortaleza noiada”.

Karina Santiago

Ele é também um dos principais formadores de opinião e direcionador de ações no que se refere ao Hip Hop, esse concebido dentro da instituição como a principal ferramenta cultural, social e política, para o desenvolvimento humano das pessoas das favelas brasileiras, em especial jovens habitantes deste espaço.

Karina Santiago é coordenadora da CUFA Cuiabá, capital de Mato Grosso, e esteve presente na criação de um dos núcleos políticos e estratégicos de maior força da instituição: Núcleo de Mulheres Maria Maria. Karina delineou as diretrizes de trabalho do núcleo, onde definiu: “Maria Maria é um movimento de mulheres da CUFA, negras ou não, cujo objetivo é construir um projeto político e democrático dentro da instituição, contribuindo na organização do discurso, sobretudo das jovens das periferias, para que estas possam se estimular e participar do processo político de decisão e de ocupação de espaço”.

Para Preto Zezé a posse é o símbolo de uma revolução permanente que é expressa pelas ações de todo o coletivo. “Se hoje existisse uma metodologia de análise de indicadores de evolução, seria a CUFA, seriam as nossas vidas e os níveis de evolução. Falando de mim, basta medir na área pessoal, individual, econômica, social, políticas e de relacionamento. A CUFA não se alimenta da tragédia de nossa gente, ela se alimenta e se faz referencia pelo sucesso de nossas buscas, e elas são individuais, ao mesmo tempo coletivas, na medida em que nossas lideranças e nossos quadros vão sendo formadas e replicando possibilidades reais de revolução no seu cotidiano e nas suas comunidades”, afirma Zezé.

Encontro Nacional da CUFA 2008 em Brasília

Para Karina Santiago, a posse significa, sobretudo a descentralização de poder, uma forte marca da CUFA, e também o reconhecimento da força política das ações realizadas em espaços considerados “fora do eixo”, como o Centro Oeste e o Nordeste.

“A CUFA começou, a mais de dez anos trás com as ações do Celso Athayde no Rio de Janeiro, região onde tudo o que acontece é visto por todo o país. Agora, neste momento em que o Bill e a Gizza democratizam as missões, sinaliza o reconhecimento do potencial da diversidade brasileira, já que todas as ações são pautadas na experiência de cada um, vivida em suas regiões. È também um marco que possibilita a descentralização de investimentos em ações sociais no Centro Oeste e no Nordeste”, afirma a vice –presidenta a ser empossada.

Fonte: http://possezezekarina.blogspot.com/

CUFA MUITO + SAÚDE

Preto Zezé (CUFA Ceará) entrega camisa de seu documentário para atual Ministro da Saúde.

Podemos dizer que o envolvimento da Central Única das Favelas (CUFA) com a saúde iniciou-se ainda em 1998 devido a problemática do crack durante as gravações do documentário “Falcão Meninos e o Tráfico”. Em 2006, caímos em campo na exibição do documentário para a sociedade e para o presidente da República, alertando sobre a merla, mais comum no centro-oeste do País, e o crack, mais presente em São Paulo, de onde estava se espalhando rapidamente para todo o território nacional. Voltamos nossa atenção para estudar e compreender melhor essas drogas. Nossas estimativas à época apontavam para uma epidemia do crack em 2013 e da merla em 2017. No mesmo ano, em função do período eleitoral, expusemos a situação aos presidenciáveis a fim de alertá-los, buscando a construção de políticas públicas.
A partir de 2007, com o presidente Lula, foram iniciadas as discussões nos Ministérios. Em 2009, o Ministério da Justiça iniciou as articulações e propostas. Diante disso, intensificamos a pesquisa sobre o crack, com a elaboração de livros, discos e um documentário audiovisual “Selva de Pedra”, que colaborou para pautarmos publicamente o problema que precisa ser encarado não somente como caso de polícia ou de oferta de clínicas de internação. Com isso, conseguimos expor e ampliar os espaços de atuação, alertando as comunidades, o poder público, os empresários, os meios de comunicação, os movimentos, as organizações, os grupos sociais e os parlamentos, transitando por diversas esferas da sociedade cearense e expandindo para todo o Brasil.
A CUFA-Saúde vem atender a crescente necessidade de atenção da própria comunidade, seus multiplicadores, na prevenção de doenças e agravos.
Projetos, suas implementações e parcerias estão sendo feitos pela CUFA, com as suas representações, ao longo de todo o país e mundo.
Como o conhecimento e a prevenção são as chaves para a saúde, vários trabalhos já foram e estão sendo realizados, juntamente com parceiros na área de saúde, na prevenção da tuberculose, hanseníase, combate a dengue, tabagismo, alcoolismo, hepatites virais, violência domestica, saneamento básico, DST/AIDS e drogas. Fazendo do nosso jeito, essas ações estão sendo feitas através de RAPs, vídeos, grafite, basquete de rua, exposições fotográficas, livros entre outros projetos necessários para o bem estar das comunidades. Esses, são problemas que fazem parte não só das favelas, mas abrange vários outros tipos de comunidades marginalizadas como quilombolas, aldeias indígenas, entre outras. Um quadro de saúde extremamente precário, que se fez urgência em uma intervenção imediata pela Central Única das Favelas a fim de garantir melhores condições de crescimento, desenvolvimento e qualidade de vida dos habitantes dessas comunidades.
Esse blog tem o intuito de repassar informações sobre saúde, para deixar nossos colaboradores a parte das ações da CUFA e também dos governos municipais, estaduais e o federal. Você também pode Ajudar! Torne-se umvoluntário e faça a diferença!

CUFA-Saúde Promovendo cidadania, desenvolvimento e qualidade de Vida…fazendo do nosso jeito!
por cufasaude

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Transfotografia: um olhar para o futuro!

Completada a última fase de avaliação dos projetos inscritos no edital Novos Brasis vemos no site Oi Futuro com muita alegria o resultado do concurso em que A CUFA RS foi contemplada com financiamento do Projeto Transfotografia - um olhar para o futuro!

http://www.oifuturo.org.br/social/oi-novos-brasis/resultado.php

Projeto semelhante já foi desenvolvido em diversas cidades gaúchas durante três anos e retorna este ano atualizado, voltado principalmente para as bases da CUFA e cidades estratégicas. Entre as cidades escolhidas está Cachoeira do Sul.

Para a CUFA, a fotografia não é simplesmente uma imagem produzida através de um click como as pessoas entendem ser, mas uma ferramenta de inclusão social apresentando como exemplo o conteúdo fotográfico de artistas conceituados, buscando instigar o debate e a reflexão nas comunidades, com os jovens onde desenvolvemos as oficinas de fotografia, buscando pela sensibilização que os alunos se tornem multiplicadores de cidadania com responsabilidade e consciência do seu papel na sociedade.

O oficineiro William Rodrigues, que desenvolverá o Projeto Transfotografia- um olhar para o futuro foi "formado" dentro das primeiras oficinas de audiovisual da CUFA RS e se tornou um multiplicador de suas aprendizagens.

As oficinas serão realizadas em Alvorada, Cachoeira do Sul, Canoas, Cidreira, Eldorado do Sul, Frederico Westphalen, Guaíba, Montenegro, Pelotas, Porto Alegre, Rio Grande, Santa Cruz do Sul, Santa Maria e Sapucaia do Sul.


Imagens do passeio fotográfico de alunos da oficina de fotografia desenvolvida pela CUFA Cachoeira do Sul

CUFA Cachoeira do Sul

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Progresso versus Educação

Por Éboni Mattos - Colunista CUFA Brasil
Éboni Mattos tem 23 anos, é formada em Letras e pós graduanda em Língua Portuguesa e Literatura Contemporânea, professora e membro da CUFA (Central Única das Favelas) onde responde pela Coordenação Pedagógica e também atua no Núcleo de Comunicação.

A dialética entre Progresso e Educação é algo recorrente, principalmente em início de ano e, ainda mais, com uma nova voz de comando no país, nossa nova Presidenta Dilma Rousseff. De fato, um é alicerçado nas bases do outro e neste caso a educação antecede o progresso e é primordial para que ele aconteça.
O Brasil começou um pouco tarde a se preocupar com o tema e hoje busca sanar o prejuízo, este que nos afasta de números significativos entre países como Espanha, Coréia e Finlândia. A trajetória destes países e o que nos aproxima hoje é a forma como tratam e enaltecem a educação e como essa guinada ao longo dos últimos anos causou uma revolução no cenário econômico e social. Assim, é fácil perceber o poder transformador da educação na vida das pessoas e de todo um país, como esse trio de países que citei anteriormente, colhendo frutos contínuos de um investimento comprometido com base em novas políticas educacionais e com foco direcionado. Investiram na capacitação dos professores, ampliaram o tempo de permanência em sala de aula e as leis educacionais foram reformadas.
O conhecimento proveniente da globalização e das novas tecnologias trouxe à tona a percepção do papel fundamental da educação na sociedade, retirando-a do plano retórico e tornando-se peça chave em gabinetes de governo, círculos empresariados e passando a ser objetivo de todo cidadão. Uma pesquisa realizada em 2006 pelo Ibope mostrou que a educação está como preocupação do brasileiro em sétimo lugar, atrás de fatores como: desemprego e drogas, mas esse quadro tende a mudar e em breve estará entre as primeiras. A conscientização das pessoas nessa busca ao ‘El Dourado’ está despertando e promete crescer nos próximos anos.
Mas a pergunta em questão é: por que a educação faz tanto a diferença?
“Porque é uma dimensão da vida em sociedade que afeta todas as demais. Incide sobre a qualidade da representação política, a distribuição de renda, o desenvolvimento econômico e a justiça social”, respondeu o ex ministro da Educação, Fernando Haddad.
Talvez o impacto mais visível seja incidente sobre a renda, o fato de não termos uma sociedade em sua maioria graduada levou á construção de uma das sociedades mais desiguais do planeta, quadro que necessita de mudanças urgentes.
No Brasil, a preocupação com a parte educacional só adentrou as veias políticas nos anos 30, durante o governo de Getúlio Vargas, que foi responsável pela criação do primeiro Ministério da Educação e que desenvolve um trabalho imprescindível até os dias atuais. Hoje o analfabetismo está em torno de 11% e não há crianças fora das salas de aula, mas a luta atual prima pela qualidade. Em contrapartida, o Brasil foi um dos países que mais cresceu ao longo de todo século 20.
Sem dúvida a educação é a saída, ou melhor, a entrada para ampliar esse cenário e é necessária a convicção de que o caminho não é crescer e investir em educação, mas sim educar pra gerar crescimento, afinal, o progresso só pode se solidificar e criar raízes no solo forte da educação.
Que 2011 seja o ano do conhecimento no Brasil e que o novo governo invista em educação e capacitação dos professores, afinal, são eles o ponto de gravidade em sala de aula e peça fundamental na formação conhecimento e caráter do aluno/cidadão dentro da escola. Sim! Nós dizemos sim à EDUCAÇÃO.
Fonte: CUFA Macaé/RJ